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TIPOS DE DISCURSO: DISCURSO DIRETO, INDIRETO E INDIRETO LIVRE

TIPOS DE DISCURSO: DISCURSO DIRETO, INDIRETO E INDIRETO LIVRE

O domínio dos tipos de discurso é essencial para qualquer candidato a concurso público, especialmente em provas de língua portuguesa do Cebraspe, da FGV e da FCC. Essas três bancas são as que mais cobram esse conteúdo. Assim, compreender a diferença entre discurso direto, discurso indireto e discurso indireto livre pode garantir pontos preciosos na interpretação de textos e na análise de questões objetivas.

Neste artigo, explicarei cada um desses tipos de discurso com exemplos claros, abordarei sua origem e estrutura e ainda trarei questões comentadas de provas para que você possa testar seus conhecimentos. Vou fazer um quadro comparativo para você se situar em relação às particularidades de cada tipo de discurso.

"No meu livro Português Descomplicado, já na 15ª edição, abordo o tema em detalhes em um capítulo pensado para o seu sucesso. Pode ser um ótimo material para garantir a sua nomeação!"

Introdução

O domínio dos tipos de discurso é essencial para qualquer candidato a concurso público, especialmente em provas de língua portuguesa do Cebraspe, da FGV e da FCC. Essas três bancas são as que mais cobram esse conteúdo. Assim, compreender a diferença entre discurso direto, discurso indireto e discurso indireto livre pode garantir pontos preciosos na interpretação de textos e na análise de questões objetivas.

Neste artigo, explicarei cada um desses tipos de discurso com exemplos claros, abordarei sua origem e estrutura e ainda trarei questões comentadas de provas para que você possa testar seus conhecimentos. Vou fazer um quadro comparativo para você se situar em relação às particularidades de cada tipo de discurso.

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Vamos juntos rumo à aprovação?

O que é discurso e quais são seus tipos?

O discurso é um elemento da estrutura narrativa e diz respeito à forma como as falas dos personagens ou de terceiros são incorporadas ao texto. Existem três tipos principais:

  • Discurso direto
  • Discurso indireto
  • Discurso indireto livre

Cada um deles possui características específicas que impactam a estrutura da narrativa e a interpretação do texto.

Origem e Importância

Os tipos de discurso derivam da evolução das técnicas narrativas. No clássico “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, por exemplo, encontramos o uso frequente do discurso indireto livre, recurso essencial para transmitir as reflexões de Bentinho sem a necessidade de verbos de elocução constantes.

Segundo Celso Cunha, “o discurso indireto livre surge como um híbrido entre os outros dois tipos, conferindo maior fluidez ao texto”. Já Bechara destaca que “a escolha do tipo de discurso deve considerar a intencionalidade discursiva e a imersão do leitor na narrativa”.

Discurso Direto

No discurso direto, as palavras do personagem são reproduzidas exatamente como foram ditas, geralmente introduzidas por um verbo de elocução (dizer, falar, perguntar, responder etc.) seguido de dois-pontos, travessão ou aspas. As marcas gráficas (dois-pontos, travessão e aspas) são as principais referências desse tipo de discurso, o qual materializa a literalidade da fala. Assim, o discurso direto traz a reprodução integral da fala de outrem. Isso, portanto, marca a inserção de um discurso polifônico no texto.

Estrutura:

  • Verbo de elocução
  • Dois-pontos e/ou travessão, em geral com a fala colocada entre aspas ou em itálico.
  • Fala do personagem reproduzida em sua integralidade após os dois-pontos.

Exemplos:

  • O advogado cruzou os braços e questionou:  Tem certeza de que quer seguir com esse processo?
  • Ela olhou para o celular e suspirou: “Se ele quisesse mesmo, teria respondido há horas”.
  • O empresário fechou a pasta e declarou:
    — Não há mais espaço para negociações, a decisão está tomada.
  • O médico analisou os exames e disse em tom sério:
    — Precisamos conversar sobre suas opções de tratamento.
  • O chefe olhou para a equipe e afirmou:
    — Se não entregarmos isso até amanhã, perdemos o contrato.
  • Ela tomou um gole do vinho e murmurou: “Engraçado como algumas promessas nunca se cumprem”.
  • O investigador folheou os papéis e perguntou: Há algo mais que você queira me contar antes que eu descubra sozinho?
  • Ele acendeu um cigarro e disse sem emoção: “Algumas traições doem menos do que outras”.

Vantagens:

  • Maior dinamismo e vivacidade na narrativa
  • Aproximação com o leitor

Discurso Indireto

No discurso indireto, a fala do personagem é incorporada à narração pelo narrador, de modo que são feitas adaptações pronominais e verbais para manter a coerência textual.

Estrutura:

  • Uso de conjunção subordinativa (que, se)
  • Verbo de elocução na terceira pessoa (também chamado de verbo dicendi)
  • Mudanças pronominais e verbais, com estruturação do discurso no passado em terceira pessoa.

Exemplos:

  • O advogado cruzou os braços e questionou se a pessoa tinha certeza de que queria seguir com aquele processo.
  • Ela olhou para o celular e suspirou, dizendo que, se ele quisesse mesmo, teria respondido há horas.
  • O empresário fechou a pasta e declarou que não havia mais espaço para negociações e que a decisão estava tomada.
  • O médico analisou os exames e disse em tom sério que precisavam conversar sobre as opções de tratamento.
  • O chefe olhou para a equipe e afirmou que, se não entregassem aquilo até o dia seguinte, perderiam o contrato.
  • Ela tomou um gole do vinho e murmurou que era engraçado como algumas promessas nunca se cumpriam.
  • O investigador folheou os papéis e perguntou se havia algo mais que a pessoa quisesse contar antes que ele descobrisse sozinho.
  • Ele acendeu um cigarro e disse, sem emoção, que algumas traições doíam menos do que outras.

Vantagens:

  • Maior fluidez na narrativa
  • Mantém o foco na voz do narrador
  • Assegura maior impessoalidade ao discurso
  • Confere certo distanciamento do texto em relação ao leitor

Veja o quadro de transposição do discurso direto para o indireto:

Discurso DiretoDiscurso Indireto
1.ª pessoa do discurso3.ª pessoa do discurso
pronomes na 1.ª pessoa (eu, nós e meu…)pronomes na 3.ª pessoa (ele, ela, eles, elas, seu…)
presente do indicativo pretérito imperfeito do indicativo
pretérito perfeito do indicativo pretérito mais-que-perfeito do indicativo
 futuro do presente do indicativofuturo do pretérito do indicativo
presente do subjuntivo imperfeito do subjuntivo
futuro do subjuntivoimperfeito do subjuntivo
 imperativoimperfeito do subjuntivo
frases interrogativasfrases declarativas
frases exclamativasfrases declarativas
frases imperativasfrases declarativas
ontemno dia anterior
 hojenaquele dia 
amanhãno dia seguinte
aquiali
este e istoaquele e aquilo

Veja uma questão recente da FGV sobre o tema:

(FGV-2023) Assinale a alternativa em que ocorra discurso indireto.

a) Perguntou o que fazer com tanto livro velho.
b) Já era tarde. O ruído dos grilos não era suficiente para abafar os passos de Delfino. Estaria ele armado? Certamente estaria. Era necessário ter cautela.
c) Quem seria capaz de cometer uma imprudência daquelas?
d) A tinta da roupa tinha já desbotado quando o produtor decidiu colocá-la na secadora.
e) Era então dia primeiro? Não podia crer nisso.

Comentário:

No discurso indireto, a fala do personagem é incorporada à narrativa sem o uso de travessões ou aspas, sendo introduzida por um verbo declarativo, como “disse”, “perguntou” ou “afirmou”. No caso da alternativa A, há um verbo de elocução (‘perguntou’) seguido de uma oração subordinada que expressa o conteúdo da fala original, caracterizando, assim, o discurso indireto. Por outro lado, as demais alternativas não apresentam discurso indireto. As alternativas B, C e E contêm monólogos internos ou discurso indireto livre, sem um narrador explicitamente introduzindo a fala de um personagem. Já a alternativa D apenas descreve uma ação na narrativa, sem qualquer introdução de discurso. Portanto, a alternativa A é a única que se encaixa na definição de discurso indireto, pois apresenta uma fala reportada de forma subordinada ao narrador.

Discurso Indireto Livre

O discurso indireto livre é uma técnica narrativa que mescla o discurso direto e o discurso indireto, permitindo que os pensamentos e falas das personagens sejam apresentados sem a necessidade de um narrador intermediário explícito. Assim, essa técnica dá mais fluidez ao texto, aproximando o leitor da subjetividade das personagens, sem recorrer constantemente a verbos declarativos como ‘disse’ ou ‘pensou’.

Por outro lado, diferente do discurso direto, em que as falas das personagens são reproduzidas com pontuação específica (travessão ou aspas), e do discurso indireto, em que as falas são recontadas pelo narrador, o discurso indireto livre incorpora os pensamentos e falas diretamente na narrativa, sem necessidade de marcas. formais de citação.

Características do Discurso Indireto Livre

  1. Mistura entre narração e pensamento da personagem – O leitor não sabe, de imediato, se as palavras são do narrador ou da personagem.
  2. Ausência de marcas tradicionais do discurso direto – Não há travessões ou aspas.
  3. Uso de verbos e tempos verbais da narração – Em vez da mudança para a 1ª pessoa (como no discurso direto), o discurso indireto livre mantém a 3ª pessoa.
  4. Aproximação do leitor à interioridade da personagem – O fluxo de consciência é transmitido de forma natural e espontânea.

Estrutura:

  • Falas do personagem dentro da narração
  • Ausência de verbos de elocução
  • Uso da terceira pessoa

Veja um exemplo:

Pedro estava ansioso. Ele olhava para o relógio. O curso começaria em breve. Por que ela ainda não chegou?

Vantagens:

  • Maior envolvimento do leitor
  • Maior subjetividade e imersão
  • Espaço para ambiguidade entre narrador e personagem

EXEMPLOS DO DISCURSO INDIRETO LIVRE EM GRANDES AUTORES

Machado de Assis – Dom Casmurro

“Olhou para mim algum tempo, sem dizer nada; depois, mordendo o beiço inferior: Ora, que ideias você tem, Bentinho! Uma simples amiga de infância… Não achava outra coisa?”

Neste trecho, percebemos a transição entre a fala de Capitu e a narração de Bentinho. A personagem fala, mas sem travessões ou verbos declarativos, tornando a fala integrada ao fluxo da narrativa.

Gustave Flaubert – Madame Bovary

“Então sentia-se livre, podia aspirar a larga vida de esperanças que flutuava no futuro. O ar do baile estava mais morno, as velas mais brilhantes, os talheres mais sonoros. Ela queria voar nos braços daquele homem, viajar com ele, ter uma vida de aventura, de felicidade, de mudança.”

No trecho acima, vemos os pensamentos da protagonista Emma Bovary mesclados à narração. Dessa forma, não há marcações que indiquem exatamente quando termina a voz da personagem e começa a do narrador, criando, assim, uma sensação de fluxo contínuo.

James Joyce – Ulisses

“Ah, se pudesse descansar um pouco. Ah, se aqueles garotos parassem de correr. E aquela mulher ali, que cheiro forte de perfume. Ah, o mundo está cheio de gente incômoda.”

Joyce é um mestre do discurso indireto livre. Assim, no trecho acima, os pensamentos do personagem se infiltram na narração sem uma separação explícita, colocando, portanto, o leitor diretamente dentro da mente dele.

Clarice Lispector – A Hora da Estrela

“Ah, mas Macabéa estava contente, porque talvez agora seu namorado a amasse. Sim, tinha de ser isso. Tinha de ser. Porque de repente a vida não parecia mais tão inútil assim.”

Clarice Lispector usa o discurso indireto livre para, assim, fazer o leitor sentir a insegurança e os anseios da personagem Macabéa. Dessa forma, o pensamento dela se funde ao texto, sem separação clara entre o que é a voz do narrador e o que são as divagações da personagem.

Por que o Discurso Indireto Livre é Tão Eficaz?

  • Maior profundidade psicológica – Permite que o leitor entre na mente da personagem sem recorrer ao discurso direto.
  • Fluidez e naturalidade – A narrativa não é interrompida por aspas ou travessões, tornando-se mais contínua.
  • Efeito subjetivo e intimista – Aproxima o leitor da personagem, criando empatia e envolvimento emocional.

Assim, o discurso indireto livre é um recurso poderoso que mescla a voz do narrador e a subjetividade da personagem, tornando a leitura mais dinâmica e expressiva. Autores clássicos e modernos usam essa técnica para aproximar o leitor do fluxo de pensamento das personagens, criando narrativas envolventes e psicológicas.

Questões Comentadas

Questão 1

(CEBRASPE/2023) Leia o trecho e assinale a alternativa que corresponda à adequada transposição do discurso direto para o indireto:

A mulher acendeu um cigarro e disse sem prestar atenção às suas palavras: — Algumas pessoas são mais confiáveis que outras.

  1. A mulher acendeu um cigarro e, sem prestar atenção às suas palavras, disse que algumas pessoas eram mais confiáveis que outras.
  2. A mulher acendeu um cigarro e, sem prestar atenção às palavras que disse que algumas pessoas são mais confiáveis que outras.
  3. A mulher acende um cigarro e, sem prestar atenção às suas palavras, disse que algumas pessoas são mais confiáveis que outras.
  4. A mulher acendia um cigarro e, sem prestar atenção às suas palavras, disse que algumas pessoas são mais confiáveis que outras.
  5. A mulher acendia um cigarro e, sem prestar atenção às suas palavras, disse que algumas pessoas eram mais confiáveis que outras.

Comentário: A alternativa correta é A), pois faz a transposição correta do discurso direto para o indireto. No discurso indireto, a conjunção “que” introduz a fala da personagem, garantindo a estrutura adequada. Além disso, a mudança do verbo “são” (presente) para “eram” (pretérito imperfeito) é necessária para manter a correlação temporal com “disse” (pretérito perfeito), uma regra essencial no discurso indireto quando o verbo introdutório está no passado. Assim, a alternativa A) é a única adequada, pois respeita as regras gramaticais exigidas na transposição do discurso.

Questão 2

(FCC/2022) Assinale a alternativa que apresenta um exemplo de discurso indireto:

a) João disse: “Vou estudar português.”

b) João disse que iria estudar português.

c) João olhou o relógio. Já era tarde. Estudaria depois.

d) “Vou estudar mais tarde”, pensou João.

Comentário: A alternativa correta é a letra B, pois apresenta um exemplo claro de discurso indireto, em que a fala do personagem é adaptada à estrutura da narração, com a mudança do tempo verbal e do pronome.

Questão 3

(CESGRANRIO/2022) Qual das frases abaixo exemplifica o discurso indireto livre?

a) Pedro disse: “Eu preciso estudar mais.”

b) Pedro disse que precisava estudar mais.

c) Pedro estava aflito. Precisava estudar mais. Mas será que daria tempo?

d) Pedro se perguntou: “Será que devo estudar mais?”

Comentário: A alternativa correta é a letra C, pois o texto insere a fala do personagem na narração sem o uso de verbos de elocução, mesclando elementos da narração e do discurso do personagem, característica do discurso indireto livre.

Agora que você compreende os tipos de discurso, portanto, está mais preparado para interpretar questões desse conteúdo. Além disso, essa é uma competência frequentemente cobrada em provas de concursos e pode ser decisiva para sua aprovação.

Mantenha o foco e continue estudando! Afinal, cada detalhe pode fazer a diferença na sua jornada até a nomeação.

Conte comigo por aqui. Assim, seu sucesso será sempre determinado pelo seu empenho!

Abraços, Flávia Rita.