REFLEXÃO SOBRE O SUICÍDIO
O tema é delicado. Estamos no mês de conscientização acerca do suicídio e certo dia, pela manhã, uma aluna me pediu para escrever algumas palavras. O café desceu amargo. Pensei em quantas famílias sofrem com a perda de um ente querido. Mas é importante discutir nosso papel na vida dessas pessoas. E, por isso, senti-me na obrigação de escrever.
Precisamos aceitar que as fragilidades existem, para aprender a lidar com elas.
O Brasil, na contramão do mundo, teve aumento nos casos de suicídio na última década. Somos “felizes demais” para aceitar a dor e para discutir o tema.
Já perdi uma cunhada, um colega de profissão e um aluno para o suicídio.
Para mim, ninguém deseja morrer. Simples assim.
Quem abrevia a própria vida tem em vista estancar uma dor incapaz de ser suportada. Quem se mata está em sofrimento permanente a ponto de renunciar a si.
Não é falta de fé.
Não é falta de Deus.
Falta-nos a capacidade de perceber o tamanho da dor do outro. Falta-nos ver que seu sofrimento transborda.
Olhamos para o outro com a nossa visão de mundo. Concluímos que os mais pobres não saem da cama por mera preguiça. Achamos que um rico não tem o direito de se deprimir pelo simples fato de ser rico. Mas a depressão não escolhe classe social e é, especialmente, relevante na nossa reflexão.
Somos negligentes e preconceituosos quanto à saúde mental. E isso nos custa a vida de pais, mães, filhos, amigos… Uma pessoa deixa de viver porque já não cabe em si. Escolhe morrer porque não se sente parte, não se reconhece.
Repito: ninguém deseja morrer.
Suicidas não lutam contra a vida, lutam contra a dor que não controlam. Precisamos acolher e ouvir também o silêncio dos que amamos. Precisamos perceber os sinais: mudanças de hábito, medo paralisante, choro excessivo, apatia pela vida, ausência…
A acolhida pode mudar o curso das coisas, pode apontar caminhos. Garanta amparo às pessoas à sua volta. Não julgue as fragilidades. Ouça com o coração o que não está sendo dito.
Vale discutir o tema em casa. Vale ler a respeito. Vale o esforço de salvar uma vida pelo acolhimento.
Apoie quem precisa de ajuda. Médicos e psicólogos são os profissionais indicados para dar o suporte necessário. Não negligencie a saúde mental (nem a sua, nem a de outras pessoas). Somos todos humanos e, portanto, sensíveis à dor. ❤️
Conte comigo por aqui!
Flávia Rita