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Possíveis Recursos MPE-RJ FGV 2025: análise técnica e fundamentada das questões de Língua Portuguesa

Possíveis Recursos MPE-RJ FGV 2025: análise técnica e fundamentada das questões de Língua Portuguesa

Se você prestou o concurso do MPE-RJ 2025 para os cargos de Técnico e Analista, organizado pela FGV no último domingo (18/05/2025), este post é leitura obrigatória. Neste texto você terá acesso a modelos prontos de recursos fundamentados pela Professora Flávia Rita, com embasamento teórico nas obras de referência da gramática normativa — como Othon M. Garcia (2015) e Marina de Andrade Marconi (2017) — além de argumentações baseadas em jurisprudência e critérios de isonomia, que fortalecem o pedido de revisão ou anulação de questões.

QUESTÃO 02

Leia os seguintes conselhos para uma boa escrita: “Deve-se utilizar uma linguagem correta na expressão do conteúdo; não se utilizarem frases feitas ou rebuscadas; não sobrecarregar as orações e evitar as complexidades com muitas subordinadas; dizer o que se quer de uma forma pessoal, clara e simples; recordar que se escreve para os outros e, por isso, facilitar a tarefa, o que inclui a ortografia e a apresentação”.

Segundo esses conselhos, assinale o único texto adequado entre os que estão abaixo.

(A) Melhor é morar numa região deserta do que com uma companhia desagradável.

(B) Nem todo cidadão merece os previlégios da lei.

(C) Qualquer pessoa inteligente que leia um contrato de aluguel e mesmo assim alugue o imóvel, apesar dos problemas, merece todas as consequências que desse contrato advêm.

(D) Continuo achando o casamento uma ótima experiência, por isso me casei.

(E) É possível ser um homem bom e um péssimo trabalhador.

RECURSO – QUESTÃO 02

O candidato vem, por meio deste recurso devidamente fundamentado, solicitar a alteração do gabarito da questão que trata da identificação do único texto adequado segundo os critérios de clareza, correção gramatical e simplicidade de expressão, como definidos no enunciado.

De acordo com Othon M. Garcia, em sua clássica obra Comunicação em Prosa Moderna (27. ed., FGV, 2015), uma boa comunicação escrita deve primar pela clareza, concisão e correção, evitando construções excessivamente rebuscadas, períodos longos com múltiplas subordinadas e, especialmente, desvios gramaticais. Escrever bem implica, sobretudo, em considerar o leitor: deve-se facilitar sua tarefa, utilizando uma linguagem objetiva, gramaticalmente correta e semanticamente precisa.

O enunciado da questão elenca conselhos que se alinham perfeitamente ao pensamento do autor: evitar frases feitas, rebuscamentos e estruturas complicadas, adotando uma escrita clara, correta e acessível.

Análise das alternativas:

(A) “Melhor é morar numa região deserta do que com uma companhia desagradável.”
Apesar de gramaticalmente correta, a frase apresenta uma construção antiquada e ressonância proverbial (“melhor é”), o que caracteriza uma frase feita ou de tom sentencioso. Isso contraria o princípio de evitar clichês e expressões consagradas pela repetição. Inadequada.

(B) “Nem todo cidadão merece os previlégios da lei.”
Há um erro ortográfico grave: a grafia correta é privilégios, e não previlégios. Esse tipo de desvio compromete a correção da linguagem e viola o critério de “facilitar a tarefa do leitor”, mencionado no enunciado. Inadequada.

(C) “Qualquer pessoa inteligente que leia um contrato de aluguel e mesmo assim alugue o imóvel, apesar dos problemas, merece todas as consequências que desse contrato advêm.”
Trata-se de uma frase longa, com estrutura sobrecarregada, excesso de subordinadas e uso complexo de conjunções. Além disso, há um tom de julgamento que se afasta da simplicidade e clareza recomendadas. Inadequada.

(D) “Continuo achando o casamento uma ótima experiência, por isso me casei.”
A construção apresenta redundância de conteúdo e pouco refinamento estilístico. Ainda que seja gramaticalmente aceitável, peca por falta de clareza e concisão, além de ser uma estrutura que pode gerar ambiguidade interpretativa. Inadequada.

(E) “É possível ser um homem bom e um péssimo trabalhador.”
Esta alternativa atende aos critérios de clareza, correção e simplicidade. A frase é direta, expressa uma ideia com sentido completo, sem vícios de linguagem, rebuscamentos ou erros gramaticais. Reflete o que Othon Garcia chama de “clareza do pensamento traduzida em clareza da expressão”. Adequada, portanto, à proposta da questão.

Conclusão:

Diante da análise criteriosa, verifica-se que apenas a alternativa (E) está plenamente de acordo com os critérios estabelecidos pelo enunciado e com os preceitos de boa redação defendidos por Othon M. Garcia. As demais alternativas apresentam erros gramaticais, estruturas rebuscadas ou construções frasais inadequadas.

Posto isso, requer-se a confirmação ou alteração do gabarito da questão para a letra E.

Referência:

GARCIA, Othon M. Comunicação em Prosa Moderna. 27. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2015.

QUESTÃO 03

Assinale a frase abaixo em que o argumento apresentado está corretamente classificado.

(A) O chamado efeito estufa é provocado pelo aquecimento da terra. Isso se deve ao fato de estarmos continuamente maltratando o meio ambiente. / relação de causa-efeito.

(B) Nas rodovias interestaduais, a morte de jovens motociclistas de 18 a 25 anos supera 91%. / apelo à intimidação do receptor.

(C) Segundo um estudo das Nações Unidas aumenta o movimento emigratório nos países em desenvolvimento. / apelo a estatísticas.

(D) Como vamos nomear um diretor que já se afastou da empresa duas vezes? / raciocínio de círculo vicioso.

(E) Todo mundo está de acordo em que devemos proteger os menores, mas o que fazer com crimes mais graves? / simplificação exagerada.

RECURSO – QUESTÃO 03

O candidato vem, respeitosamente, requerer a alteração do gabarito da questão de número 3, por identificar erro na classificação da alternativa indicada como correta. Conforme será demonstrado, a alternativa A não representa um exemplo genuíno de raciocínio causal, ao contrário do que determina o enunciado.

De acordo com Othon M. Garcia, em Comunicação em Prosa Moderna (27. ed., FGV, 2015), o raciocínio causal se estabelece quando se identifica uma relação lógica de causa e efeito entre dois ou mais elementos do discurso. A causa funciona como fundamento lógico que justifica o efeito, construindo uma progressão discursiva típica da argumentação dedutiva.

Ao analisar a alternativa A“Minha irmã teve más notas na escola, suspira pelos cantos o dia inteiro, só escuta música romântica… Acho que ela está apaixonada.” – observa-se que não há uma causa diretamente declarada, mas um conjunto de indícios que servem como base para uma inferência subjetiva (“acho que ela está apaixonada”). Trata-se, portanto, de um raciocínio por indícios ou inferência interpretativa, e não de causa-efeito. A estrutura lógica aqui é abdução ou diagnóstico indutivo, e não raciocínio causal.

Por outro lado, a alternativa E“A guerra entre Ucrânia e Rússia deve terminar breve, pois há um risco enorme de ela transformar-se no estopim de uma nova guerra mundial.” — apresenta uma clara relação de causa e efeito, expressa pelo conectivo “pois”, que introduz a causa (o risco de uma guerra maior), justificador do efeito antecipado (o possível fim da guerra). Essa é uma construção canônica de raciocínio causal, conforme a teoria da argumentação descrita por Garcia.

Portanto, a alternativa E é a única que atende adequadamente ao comando da questão, demonstrando, de forma explícita e estruturada, uma relação de causa e efeito, conforme exigido.

Posto isso, solicita-se a alteração do gabarito da questão 3 de letra A para letra E.

Referência:

GARCIA, Othon M. Comunicação em Prosa Moderna. 27. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2015.

QUESTÃO 04

Assinale a opção que mostre o tipo causal de raciocínio argumentativo.

  • Minha irmã teve más notas na escola, suspira pelos cantos o dia inteiro, só escuta música romântica… Acho que ela está apaixonada.
  •  Senhores, não há dúvida de que para a construção do novo edifício, são necessárias 30 toneladas de cimento e 20 toneladas de ferro. Os cálculos foram realizados em várias ocasiões e foram ratificados pelo engenheiro cuja experiência em cálculos e medidas é conhecida por todos vocês.
  • As estacas ajudam as árvores a crescerem direito. Esse mesmo trabalho tem os pais na educação dos filhos.
  • A literatura sobre o amor teve sempre grande sucesso. Referem-se ao tema amoroso, entre outros autores, Cervantes, Kafka, Rabelais, Mann e Homero.
  • A guerra entre Ucrânia e Rússia deve terminar breve, pois há um risco enorme de ela transformar-se no estopim de uma nova guerra mundial.

RECURSO – QUESTÃO 04

O candidato vem, por meio deste recurso, requerer a alteração do gabarito da questão de número 4, cujo gabarito preliminar foi divulgado como a alternativa A. A justificativa a seguir demonstra que tal alternativa não apresenta, com precisão, a relação argumentativa descrita, violando os princípios de correção e coerência exigidos na formulação de questões objetivas.

Segundo Othon M. Garcia, em Comunicação em Prosa Moderna (27. ed., FGV, 2015), a relação de causa e efeito é aquela em que um fato (a causa) gera outro fato (o efeito), em uma sequência lógica de dependência. O autor enfatiza que a construção textual deve respeitar a direção desse raciocínio, que parte da causa para o efeito, e não o inverso, sob pena de comprometimento da clareza e da estrutura argumentativa.

No trecho apresentado pela alternativa A“O chamado efeito estufa é provocado pelo aquecimento da terra. Isso se deve ao fato de estarmos continuamente maltratando o meio ambiente.” — o que se observa é uma inversão da lógica causal tradicional. O texto não parte da causa para o efeito, mas sim do efeito para a causa:

  • Primeiro apresenta-se o efeito: “efeito estufa é provocado pelo aquecimento da terra”;
  • Em seguida, indica-se a causa do aquecimento: “isso se deve ao fato de estarmos continuamente maltratando o meio ambiente”.

Logo, a organização argumentativa se dá por encadeamento regressivo, partindo do fenômeno (efeito estufa) até chegar à origem causal (ação humana sobre o meio ambiente). Essa estrutura compromete a clareza da relação de causa-efeito em sua forma clássica, podendo induzir o candidato a erro, especialmente porque a descrição da alternativa não reconhece essa inversão fundamental.

Por outro lado, a alternativa B apresenta um recurso argumentativo que, com mais precisão, se alinha ao tipo textual descrito: “Nas rodovias interestaduais, a morte de jovens motociclistas de 18 a 25 anos supera 91% / apelo à intimidação do receptor.” O impacto gerado por essa estatística alarmante tem o claro objetivo de comover, gerar medo ou preocupação no receptor, como estratégia de convencimento. Essa prática caracteriza o apelo à intimidação (ou apelo ao medo) — recurso persuasivo amplamente descrito por Garcia e outros estudiosos da retórica argumentativa.

Assim, a alternativa B apresenta classificação mais precisa do recurso argumentativo empregado, enquanto a alternativa A erra ao não considerar a inversão da lógica causal.

Posto isso, requer-se a alteração do gabarito da questão de número 4 da letra A para a letra B, sob pena de manutenção de erro conceitual que compromete a lisura da avaliação.

Referência:

GARCIA, Othon M. Comunicação em Prosa Moderna. 27. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2015.

QUESTÃO 21

Assinale a opção em que o texto transcrito não traz marcas subjetivas de seu autor.

  • Não importa com que roupa você está; se você tiver uma boa caneta e um bom relógio, você está bem-vestido.
  • Tenho observado constantemente que para prosperar no mundo é preciso ter aparência de tolo sem ser.
  • Tento manter o mesmo penteado por pelo menos trinta dias seguidos.
  • A beleza de uma mulher alegra o olhar e excede a todos os desejos do homem.
  • A moda é uma tirana a quem os sábios ridicularizam e obedecem.

RECURSO – QUESTÃO 21

O candidato vem, respeitosamente, requerer a anulação da questão de número 21, tendo em vista que todas as alternativas apresentadas trazem marcas de subjetividade, em desacordo com o comando da questão, que solicita a identificação de um enunciado isento de posicionamento pessoal do autor.

De acordo com Othon M. Garcia, em Comunicação em Prosa Moderna (27. ed., FGV, 2015), um texto subjetivo caracteriza-se pelo uso de expressões opinativas, juízos de valor, referências pessoais e metáforas com carga emocional, o que o distancia do discurso objetivo e informativo. A objetividade se dá na ausência dessas marcas, buscando neutralidade, impessoalidade e dados verificáveis.

Analisando cada alternativa:

(A) Traz um julgamento de valor sobre o que significa estar bem-vestido — “basta uma boa caneta e um bom relógio”. É um ponto de vista pessoal, não uma constatação neutra.

(B) Utiliza a construção “tenho observado constantemente”, o que denuncia uma percepção pessoal, reforçada pelo conselho interpretativo, que reflete uma visão subjetiva de mundo.

(C) A frase “tento manter o mesmo penteado por pelo menos trinta dias seguidos” é uma afirmação em primeira pessoa do singular, evidenciada pelo uso do pronome “eu”. Trata-se de um relato de experiência pessoal, o que caracteriza subjetividade inequívoca.

(D) O juízo sobre a “beleza de uma mulher” é claramente generalizante e subjetivo, ao afirmar que “excede a todos os desejos do homem”. É um discurso carregado de opinião e metáfora, típico da linguagem afetiva.

(E) Refere-se à moda como uma “tirana”, metáfora com forte carga emocional e crítica, refletindo opinião pessoal do autor, com uso claro de linguagem figurada e irônica.

Portanto, nenhuma das alternativas apresentadas é objetiva. Todas contêm marcas explícitas de subjetividade, sejam elas por meio de pronomes pessoais, juízos de valor, metáforas ou percepções individuais.

À luz do princípio da univocidade da alternativa correta, exigido nas provas objetivas conforme defendido por Marconi & Lakatos (2017), a questão é falha, pois não oferece uma única opção correta conforme o comando do enunciado. O erro compromete a segurança da avaliação e a isonomia entre os candidatos.

Diante disso, requer-se a anulação da questão 21.

Referências:

GARCIA, Othon M. Comunicação em Prosa Moderna. 27. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2015.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia Científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2017.

QUESTÃO 22

Observe o segmento textual abaixo:

“O procurador da pequena cidade perguntou ao Ministro da Justiça sobre os “meios” para fazer funcionar sua jurisdição e ele pensa que o Ministro está “pronto” para lhe dar tais recursos.”

No texto, as palavras “meios” e “pronto” aparecem entre aspas com a finalidade de:

(A) reproduzir a fala de quem trata o texto sem se solidarizar com ela.
(B) produzir um efeito de ironia sobre o que foi expresso, mostrando um lugar-comum.
(C) indicar uma simples alusão à fala de alguém, sem qualquer implicação de sentido.
(D) mostrar palavras empregadas num sentido diverso aos sentidos dicionarizados.
(E) procurar indicar termos de importância para a notícia veiculada.

RECURSO – QUESTÃO 22

O candidato vem, por meio deste recurso, requerer a anulação da questão de número 22, considerando que o uso das aspas no fragmento apresentado pode ser legitimamente interpretado sob mais de uma perspectiva semântica e discursiva. A ausência de um contexto mais amplo prejudica a definição inequívoca do propósito comunicativo do autor ao utilizar os termos “meios” e “pronto” entre aspas.

Segundo Othon M. Garcia, em Comunicação em Prosa Moderna (27. ed., FGV, 2015), as aspas cumprem múltiplas funções no texto, dentre as quais destacam-se:

  • A marcação de citação, direta ou indireta, com ou sem compromisso do narrador com o conteúdo (como indicado na alternativa A);
  • A sugestão de ironia ou distância crítica, muitas vezes empregada em editoriais ou textos opinativos para evidenciar o caráter duvidoso de determinadas expressões (como na alternativa B);
  • A distorção semântica intencional, quando o termo é usado em sentido figurado ou não convencional (como proposto na alternativa D).

No trecho citado — “meios” para fazer funcionar sua jurisdição… o Ministro está “pronto”faltam elementos contextuais mais amplos que confirmem a real intenção discursiva. Sem saber se o narrador pretende:

  • apenas se distanciar do conteúdo (A),
  • fazer ironia ou crítica sutil (B),
  • ou destacar o uso de palavras em sentido não literal (D),

abre-se espaço para mais de uma interpretação igualmente plausível. Todas essas funções são admissíveis dentro do conceito de aspas conforme descrito por Garcia, sendo utilizadas em diferentes gêneros com diferentes intenções retóricas.

Dessa forma, a atribuição de apenas uma alternativa como correta viola o princípio da univocidade das questões objetivas, conforme os critérios técnicos descritos por Marconi & Lakatos (2017) sobre a formulação de instrumentos de avaliação. O enunciado ambíguo gera insegurança interpretativa e compromete a isonomia da prova.

Posto isso, requer-se a anulação da questão 22, diante da impossibilidade de identificar com precisão uma única resposta correta.

Referências:

GARCIA, Othon M. Comunicação em Prosa Moderna. 27. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2015.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia Científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2017.

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QUESTÃO 24

O raciocínio indutivo de um texto argumentativo aparece exemplificado na seguinte opção:

  • Como todos os homens trabalham fora de casa, é natural que os parentes dele procurem arranjar-lhe um emprego.
    • Os casos de atentados à liberdade de imprensa são bastante comuns; eles confirmam a ideia de que esse é um espaço delicado.
    • Alguns estados americanos ainda defendem a pena de morte, assim como fazem outros países.
    • Como os trovões da noite assustaram os animais, o fazendeiro decidiu colocar vedações nas portas.
    • Do mesmo modo que estudamos bastante matérias científicas, deveríamos também ensinar educação artística.

RECURSO – QUESTÃO 24

O candidato vem, por meio deste recurso fundamentado, requerer a alteração do gabarito da questão de número 24, uma vez que a alternativa assinalada como correta (letra D) não representa um exemplo de raciocínio indutivo, como exige o comando da questão.

De acordo com Othon M. Garcia, em Comunicação em Prosa Moderna (27. ed., FGV, 2015), o raciocínio indutivo parte da observação de fatos particulares para chegar a uma conclusão de caráter geral, ampliando a informação a partir de exemplos empíricos. Trata-se, portanto, de uma progressão do específico para o geral.

Ao analisar a alternativa D“Como os trovões da noite assustaram os animais, o fazendeiro decidiu colocar vedações nas portas.” — percebe-se que se trata de uma relação causal direta, típica do raciocínio dedutivo: a causa (os trovões assustaram os animais) leva a uma consequência específica (colocar vedações). Não há ampliação da informação, tampouco inferência de regra geral. A conclusão decorre imediatamente de um fato único, sem generalização.

Por outro lado, a alternativa B“Os casos de atentados à liberdade de imprensa são bastante comuns; eles confirmam a ideia de que esse é um espaço delicado.” — apresenta estrutura típica de raciocínio indutivo: parte-se da observação de vários casos particulares (atentados à liberdade de imprensa) para formular uma conclusão mais ampla e generalizante (a liberdade de imprensa é um espaço delicado). Essa construção está em conformidade com o conceito clássico de indução, tal como descrito por Garcia.

Diante disso, verifica-se que a única alternativa que atende plenamente ao comando da questão é a letra B, sendo a atual alternativa assinalada (letra D) equivocada por se tratar de exemplo dedutivo.

Posto isso, requer-se a alteração do gabarito da questão 24 de letra D para letra B.

Referência:

GARCIA, Othon M. Comunicação em Prosa Moderna. 27. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2015.

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QUESTÃO 27

As frases abaixo utilizaram a linguagem figurada, em figuras diversas.

Assinale a opção em que a figura utilizada está corretamente identificada.

(A) Bebeu um copo de vinho / metonímia, com a indicação do continente pelo conteúdo.
(B) A Inglaterra é um navio / metáfora por comparação formal.
(C) O problema terrível de nada ter a fazer / a antítese entre termos.
(D) Ele é candidato a Brasília / metonímia, com a indicação da função e não do local.
(E) Vocês estão dizendo adeus a estes muros que vocês vão deixar / sinédoque, ou seja, o todo pela parte.

RECURSO – QUESTÃO 27

O candidato vem, por meio deste recurso, requerer a anulação da questão de número 27, considerando que três das alternativas apresentadas podem ser justificadamente consideradas corretas, violando o princípio da univocidade exigido em provas objetivas.

Segundo Othon M. Garcia, em Comunicação em Prosa Moderna (27. ed., FGV, 2015), a utilização de figuras de linguagem visa dar expressividade à linguagem e pode abranger diferentes categorias — como metonímia, metáfora, sinédoque, antítese — sendo comum, inclusive, a sobreposição ou a ambiguidade na identificação, conforme o contexto.

Análise das alternativas com justificativa de correção:

(A) “Bebeu um copo de vinho” / Metonímia, continente pelo conteúdo — Correta. O termo “copo” representa o vinho, seu conteúdo. É um exemplo clássico de metonímia, como reconhecido amplamente pela tradição gramatical e estilística.

(B) “A Inglaterra é um navio” / Metáfora por comparação formal — Também aceitável. Trata-se de uma metáfora, pois há a substituição de um termo por outro com base em analogia simbólica (Inglaterra = navio). Embora a expressão “comparação formal” seja tecnicamente questionável (uma metáfora não é uma comparação explícita), a figura é de fato uma metáfora válida, como reconhecido por Garcia e outros gramáticos.

(D) “Ele é candidato a Brasília” / Metonímia, indicação da função e não do local — Também plausível. Brasília, nesse contexto, representa o poder institucional, ou seja, o cargo político associado ao local. É uma metonímia clássica, na qual o lugar designa a função (ou a instituição) a ele associada.

Portanto, há três alternativas válidas com justificativas gramaticais sustentáveis: A, B e D. Isso contraria os princípios técnicos de elaboração de questões de múltipla escolha, que devem apresentar apenas uma alternativa correta, clara e inequívoca, conforme os critérios descritos por Marconi & Lakatos (2017).

Essa multiplicidade de respostas corretas compromete a objetividade da avaliação e a isonomia entre os candidatos, razão pela qual se requer sua anulação.

Posto isso, solicita-se a anulação da questão 27, por apresentar mais de uma alternativa aceitável, infringindo os critérios de exclusividade e precisão exigidos em avaliações de natureza objetiva.

Referências:

GARCIA, Othon M. Comunicação em Prosa Moderna. 27. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2015.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia Científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2017.