Naquele dia, ele acordou, como de costume, com o membro apontando para as nádegas de sua esposa. Fazia força delicadamente para estar entre as suas pernas. Ela, sonolenta, ia se sentindo mais confortável a cada movimento.
Ainda de lado, em posição de dormir, deixava-se possuir pelo seu homem. Sem poder beijá-la, acariciava seus seios e perguntava-lhe quando teria o prazer de vê-la com outro. O tema, já debatido entre o casal, parecia aos olhos alheios um ato de desamor. Mas, para ele, era total altruísmo, satisfação absoluta em vê-la satisfeita.
Sabia o quanto o sexo para ela era estimulante, revigorante, potencializador de suas potencialidades. Não se importava em dividir seu corpo. Tinha plena certeza de que seu coração estava inteiro naquela relação. Ela respirava por ele. Adivinhava seus anseios. Tinham a mesma essência.
No decorrer de um longo dia de trabalho e atividades corriqueiras, a mente de ambos foi povoada pelas cenas de amor matinal. Aos ouvidos de um, arrepiavam os gemidos de outro.
Dois pacientes para atender… algumas receitas… e o torpor invade a sua pele clara. Pensa em alguém lhe invadindo o corpo sob o olhar de seu homem. Imagina-o sentado, observando sua beleza ser possuída, consumida em seus desejos.
E vem de volta a realidade. Mais alguns relatórios, e toca o telefone… Os pacientes já foram medicados, as enfermeiras deixam a sala e, sozinha, ela continua a se perder nos desejos do marido. Podia ser um residente. Pensa em algumas opções.
Chega a sentir a barba de um determinado exemplar do sexo oposto a roçar-lhe a nuca. Os lábios dele fazendo pressão sobre os seus, enquanto o marido educa o recém-amante na arte de fazê-la gozar. Ele é determinado. Dá as instruções com segurança. Conhece cada detalhe daquele corpo. Sabe como nenhum outro colocá-lo em êxtase. Fala baixinho para o amante mordiscar-lhe os mamilos ao mesmo tempo em que introduz os dedos em sua vagina. Reforça a condição excitatória dos seios de sua amada, entregando-os à boca de outro homem. Ela se sente atordoada. Queria os dois. Sentia a vontade clara da saliva de seu homem em sua boca. Já ofegante, clama por ele, que prefere apenas observar.
O outro desfruta dos cabelos longos, da pele alva. Toma-os por impulso. Usa seus instintos. Deixa enrubescida a face, a vulga, a consciência. Seguindo os caminhos ditados pelo marido e dando vazão aos desejos que aquela mulher sensual produzia sem muito esforço, ele força seu membro para dentro dos lábios dela. Ela tentava falar. Tentava gemer. Tentava talvez não gostar, mas gostava. Olha pelas costas do amante o marido se tocar. Ele parece tão excitado com a performance desempenhada por sua mulher que ela se sente ainda mais estimulada a engolir aquele desconhecido. Os três em perfeita sintonia com as vontades de cada um.
O amante a apoia sobre uma cadeira. Pretende penetrá-la de costas. O marido o alerta para o risco que ele corre de não resistir àquelas nádegas e gozar. Relata com detalhes o amor matinal. Ela ouvia apenas a sua voz. Não identificava as palavras. Está se consumindo em desejo. Ele é experiente. Coloca um dedo em seu ânus. Projeta o seu membro para dentro dela em um movimento brusco, fazendo-a se desmanchar em dor e prazer. Sentia com ao tato o próprio corpo dentro dela. Diminuía a intensidade dos movimentos para permitir que ela chegasse ao orgasmo. O marido se deleitava com a cena. Ela era tão linda. Tinha um gemido tão encantador. Tão docemente estimulante. Achava antinatural ser o único a desfrutar daquele corpo predestinado ao prazer. Tinha curvas incisivas. Uma voz rouca. Um olhar desejoso. Um beijo ardente. Era lasciva. Tinha o sexo, a sensualidade em todo o seu ser. Sabia provocar. Sabia se posicionar. Sabia seduzir. Sabia se fazer notar.
Enquanto um desconhecido tomava seu corpo, seu coração continuava batendo no peito do marido. Ela o amava e aquele momento onírico só fortalecia o vínculo entre os dois. A um só ritmo e em uma sintonia única, chegam ao orgasmo no mesmo instante. O amante tenta acompanhá-los, mas o seu prazer é individual, isolado dos outros dois que se encontram ligados para sempre.
Alguém entra no consultório. Ela se refaz rapidamente do devaneio estimulado pelas falas do marido. Sorri. Sente-se segura para ser ela mesma. Sente-se aliviada.
À noite, voltam a conversar sobre o assunto após colocarem as crianças para dormir. Ela desnuda seus pensamentos enquanto tira a roupa para um banho. Ele, excitado, reconstrói a cena em sua imaginação.