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Você sabe o que são figuras de linguagem? Muitas vezes as utilizamos sem nem perceber, tamanha a forma como elas se introjetaram no nosso cotidiano. Porém, não poderia ser diferente, pois são nas figuras de linguagem que deixamos nossa subjetividade se expressar na forma escrita. Vamos, então, aprender quais são as figuras e como as utilizar?
O que são figuras de linguagem?
Figuras de linguagem correspondem aos recursos linguísticos empregados pelos autores para atribuírem expressão ou subjetividade ao texto. São uma forma de se identificar o estilo do escritor, pois exploram, a partir da conotação que exprimem, um sentido não literal das palavras. Podem ser utilizadas como recurso de sentido, de sonoridade ou de organização. Nesses casos, dizem-se:
- figuras de pensamento,
- figuras de palavras,
- figuras de som,
- figuras de construção.
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Figuras de Linguagem – figuras de Pensamento
Antítese (como espécie de figuras de linguagem)
A antítese corresponde na aproximação de termos que seriam, a priori, opostos em sentido. Por exemplo:
- Toda ausência se percebe pela sua presença.
- Viver é morrer aos poucos.
- Na natureza se vê a vida na morte.
Ironia
A ironia equivale ao recurso estilístico empregado para, por meio de termos utilizados com sentido oposto ao usual, gerar um efeito de crítica ou de humor. Por exemplo:
- Eugênia era a rainha da judiação! Conseguia manter toda uma majestade ao mesmo tempo que xingava e cuspia em quem lhe incomodasse.
- O metro da capital tem a função essencial de ligar o nada a lugar.
- A juventude tem um próspero futuro como inquilina dos pais.
EUFEMISMO
O eufemismo é um velho conhecido de todos que já tiveram que dar uma notícia ruim a um amigo. Isso, mesmo, aquilo que você fez de suavizar o conteúdo da mensagem, foi um eufemismo! Trata-se, então, da troca de palavras ou expressões por outras que possuam um sentido mais brando. Por exemplo:
- Mévio não é assassino, ele apenas tirou a vida de Tício.
- Caio não mente; ele apenas reformula a verdade com doses de criatividade.
Hipérbole
A hipérbole tem uma dupla função estilística, pois, além de trazer um traço da subjetividade do autor, ela pode ser utilizada como um recurso de ênfase. Ou seja, ocorrerá hipérbole quando palavras ou expressões forem substituídas por outras aumentem o sentido do que se estava dizendo. Por exemplo:
- Estou morrendo de fome. Se não comer um cavalo nesse exato momento, morrerei de vez!
- Maria falava mais de mil vezes a mesma coisa, mas André sempre esquecia.
- A corrupção na política é um oceano de lama.
Prosopopeia ou Personificação
A personificação ou a prosopopeia é um recurso muito utilizado em textos de natureza narrativa. Nele, atribuem-se a seres inanimados qualidades ou predicativos que são próprios de seres animados. Por exemplo:
- A floresta dançava ao empurrar do vento.
- Enquanto tentava se manter sóbrio, o bar o encarava sensualmente.
- E foi quando o sol cortejou a lua que o céu, enraivecido, criou a noite para os separar.
Gradação ou clímax
A gradação ou o clímax é um recurso estilístico utilizado para criar tensão. Nele, a progressão gradativa em sentido ascendente das ideias gera o contexto de tensão. Porém, pode ser empregado, também, para diminuir essa mesma tensão, quando as ideias são encadeadas no sentido de se dissolver as situações do contexto que levariam à necessidade de resolução dos problemas apresentados. Observe o seguinte trecho como a tensão do momento vai aumentando à medida que nossas informações vão gradativamente sendo apresentadas:
- Marcelo adentrou o quarto; quase sem fôlego, deu um passo titubeante; abriu a janela e mirou a rua; viu-a correr em desespero, quando começou a gritar.
Apóstrofe
Apóstrofe corresponde, aqui, à figura de linguagem empregada para denotar um chamamento ou uma interpelação enfática a alguém ou a alguma coisa (personificada). Para se identificar uma apóstrofe, faz-se necessário reconhecer o vocativo da frase, já que essa figura assumirá, sintaticamente, essa forma. Podem ser encontrados diversos exemplos de apóstrofe na música e na literatura, por exemplo:
- Deus, onde estás, que me abandonastes?
- Ô menino! Desce daí agora!
- “Ô pacato cidadão, eu te chamei a atenção […]” (Skank, Pacato Cidadão)
Paradoxo
A figura do paradoxo equivale ao estabelecimento de uma oposição no plano das ideias. Por exemplo:
- Amor é fogo que arde sem se ver,/ é ferida que dói, e não se sente;/ é um contentamento descontente,/ é dor que desatina sem doer. (CAMÕES)
- Esse fogo queima gelado.
Figuras Linguagem – figuras de Palavras
Metáfora
Talvez a figura de linguagem mais conhecida por todos, a metáfora corresponde ao emprego de uma palavra com um sentido diferente do habitual. Baseia-se, nesse sentido, em uma relação semelhança entre o sentido específico do termo e o sentido figurado que pretende expressar. Trata-se, portanto, de uma forma de comparação entre dois objetos, com o objetivo de se estabelecer uma aproximação de significado. O conectivo comparativo, nesse caso, ficará normalmente subentendido. Observe os seguintes exemplos:
- A Amazônia é o pulmão do mundo.
- Meu amor queima mais que lava.
- O marido era bom, porém era uma fera quando se tratava de futebol.
- O primo era um homem de família que carregava o mundo sobre os ombros.
- Pessoas ambiciosas voam mais alto.
Comparação ou símile
A comparação ou símile, como a metáfora, corresponde ao estabelecimento de uma comparação, mas, ao contrário da última, fá-lo de forma explícita, com a utilização de um conector. Por exemplo:
- A vida é como o mar, tem momentos de calmaria e de agitação.
- A namorada era esperta como uma raposa.
Alegoria
A alegoria, por sua vez, corresponde a um trecho construído a partir de diversas figuras de linguagem associadas, sobretudo a metáfora. Por meio desse recurso de associação, amplia-se os sentidos para além da literalidade do texto, de maneira a se construir um texto com diversos significados possíveis. Como a metáfora, caracteriza-se pelo recurso figurativo, ou seja, pela utilização de termos em sentido conotativo.
Exemplos de alegoria podem ser encontrados em diversos textos, como:
- O mito da caverna, de Platão
- O medalhão, de Machado de Assis
- A revolução dos bichos, George Orwell
Observe que essa espécie de figura de linguagem é muito comum em textos mais longos, trabalhados com a expansão de sentidos passíveis de análise crítica.
Metonímia
A metonímia, por sua vez, equivale à transposição de significado entre termos diferentes. Para isso, uma palavra, usualmente dotada de um sentido A, passa a ser empregada com sentido B, sem, contudo, perder sua pertinência lógico-textual, já que haverá sempre uma relação entre os termos utilizados. Pode ocorrer, por exemplo:
Quando se troca o autor pela obra:
- Sou um grande fã de Guimarães Rosa. (Na verdade, você é um grande fã da obra ou de alguma obra do autor).
Quando se troca o efeito pela causa ou vice-versa:
- Eu sou a frustração dos meus avós.
- Ela vive do trabalho.
Quando se troca o continente pelo conteúdo ou vice-versa:
- Ele bebeu cinco garrafas de cerveja.
- A criança já tinha comido cinco pratos de comida.
Quando se troca a marca pelo produto:
- Ele sempre faz a barba com Gillette.
- Ela bebe Coca-Cola até não aguentar mais.
- Ele só usa Armani.
Quando se troca a parte pelo todo ou vice-versa:
- Ele tem seis bocas para alimentar.
- Ele era só coração ao ver os sem-teto.
Quanto se troca o gênero pela espécie ou vice-versa:
- Os homens são mortais. (homens como gênero que engloba as espécies homem e mulher)
- Os mortais são desdenhados pelos deuses. (mortais = seres humanos)
- A estação das flores está para começar. (Estação das flores = primavera)
Catacrese
A catacrese corresponde a uma figura de auxílio, por dizer. Ela será utilizada quando, na necessidade de não se encontrar um termo melhor para descrever determinado objeto, opta-se por outro que o faça ainda que imprecisamente. Trata-se, então, de uma metáfora cujo uso se tornou tão comum que se naturalizou no dia a dia. Por exemplo:
- O pé da cama estava quebrado.
- O médico me mandou ficar de quarentena. (apenas alguns dias)
- O piloto embicou o nariz do avião para cima.
- O avô apoiou-se nos braços da cadeira.
Perífrase, Antonomásia ou Circunlóquio
Perífrase consiste na substituição de um termo ou de uma expressão curta por outra mais longa que expresse o mesmo sentido. Quando a perífrase é utilizada para se referir a pessoas, recebe a denominação de antonomásia. Por usa vez, quando a figura é utilizada excessivamente, de forma que cause prejuízo ao discurso em razão do alongamento desnecessário de expressões, será denominada de circunlóquio.
Exemplo de perífrase:
- Os garotos de Liverpool mudaram a música. (Alusão aos Beatles).
- As marés mudam por força do satélite natural. (Referente à lua).
- O all-star está entrando em campo. (Referente à seleção de basquete dos EUA)
Exemplo de antonomásia:
- Sempre que leio, me emociono com o poeta dos escravos. (Referente a Castro Alves)
- Nessa páscoa, pensem no filho de Deus. (Referente a Jesus Cristo)
- A Dama de Ferro levanta polêmicas até hoje no Reino Unido. (Referente a Margaret Thatcher).
- O Führer foi responsável por uma das maiores catástrofes da história. (Referente a Adolf Hitler).
Exemplo de circunlóquio:
- Vamos todos manter um alto grau de esforços e de atividades para atingir nossos objetivos. (Poderia substituir por: “trabalhar bastante”)
- Envidamos muitos esforços intelectuais para sermos aprovados no exame de seleção para a entrada não ensino superior. (Poderia substituir por: Estudamos muito para passar no vestibular).
Sinestesia
A sinestesia ocorre quando, por meio de palavras específicas, estimula-se diferentes órgãos de sentido – visão, audição, tato, olfato, paladar. Por exemplo:
- A voz dele soava como doce de abóbora. (audição/paladar)
- A mãe o alvejou com um olhar gelado e amargo. (tato/paladar)
- Se entreviram e, repentinamente, trocaram desejos. (visão/emoção)
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Figuras de Linguagem – Figuras de Construção
Elipse
A elipse acontece sempre que há omissão de um termo passível de ser identificado, com facilidade, pelo contexto. Por razões de estilo ou de ritmo, opta-se por retirar o termo para evitar repetição desnecessária. Alguns exemplos:
- Na sala, estavam os pais. No quarto, o namorado e a namorada. (omite-se o verbo “estar”)
- João sempre se atrasa. Hoje, contudo, chegou cedo. (elipse do sujeito “João”).
- Maria era uma menina simpática, porém malvada. (elipse de “Maria era uma menina”).
Zeugma
A zeugma nada mais é do que uma espécie de elipse. Enquanto a elipse pode ocorrer com quaisquer termos identificável pelo contexto, ainda que não expressos anteriormente, a zeugma ocorrerá apenas quando a omissão se referir a um termo presente nas orações antecedentes. São casos de zeugma:
- Cada menina escolheu uma bebida; Maria, cerveja, Clara, vinho (zeugma “bebida”).
- Abra seu presente enquanto eu abro o meu (zeugma de presente).
- Eu gosto de chocolate, ela, de sorvete. (zeugma do verbo “gostar”)
Polissíndeto
O polissíndeto é uma figura de construção de ênfase, pois consiste na repetição consciente de termos da oração ou de outros elementos do período. Por exemplo:
- Falava da mãe, falava do pai, falava dos irmãos, falava dos amigos; mas não falava da namorada.
- Sob as nuvens do céu, sob as águas do mar, sob o sol escaldante, em todo lugar ela estava para ele.
Assíndeto
Já o assíndeto, ao contrário do polissíndeto, corresponde à figura em que há ausência de conectores. Nesse caso, pode ser empregado para ampliar os campos interpretativos do texto. Por exemplo:
- Olhou, ouviu, cheirou, saiu.
- A nuvem, o céu, o sol, o azul; todos estavam lá.
Inversão ou Hipérbato
A inversão, também conhecida como hipérbato, corresponde à figura de construção gerada a partir do deslocamento de termos ao longo da oração, com a intenção de se promover alteração de sentido. Por exemplo:
- Sempre rápido é o passar do tempo.
- Do que ela, ele acreditava mais.
OBS: Quando a inversão não comprometer o sentido da frase, a figura receberá o nome de anástrofe. Por outro lado, quando se tratar de uma inversão complexa, que torna mais difícil a compreensão do sentido, será dado o nome de sínquise. Observe os seguintes exemplos:
- Somos da família a alegria. (anástrofe)
- Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heroico o brado retumbante. (sínquise)
Silepse
A silepse corresponde à figura de construção utilizada para concordar não com a ideia expressa do texto, mas, sim, com a subentendida. A silepse pode ser de gênero, de número ou de pessoa.
- Vossa Excelência é muito sábia. (silepse de gênero – concorda com o gênero do sujeito)
- Os Sertões elevou a literatura brasileira. (silepse de número – concorda com a ideia de se tratar de uma obra).
- O que me parece complicado é os brasileiros sigamos tomando decisões erradas. (silepse de pessoa – verbo seguir)
Anacoluto
O anacoluto ocorrerá quando se optar por uma quebra no desenvolvimento sintático da frase. É comum ocorrer quando se dá início com uma construção sintática, mas, em seguida, opta-se por outra. Por exemplo:
- A alegria, tenho certeza de que você a terá.
- Ela, sempre que chega em casa, eu a beijo como se não houvesse amanhã.
- Ele, coitado, enganaram-no todos os amigos.
Pleonasmo (como espécie de figuras de linguagem)
O pleonasmo corresponde a uma redundância que tem como objetivo reforçar a mensagem inicialmente apresentada. Veja esses exemplos:
- E rir meu riso e derramar meu pranto.
- Veja aqui, com seus próprios olhos, se não parece com ele.
Anáfora
A anáfora ocorre a partir da repetição de uma ou mais palavras em um grupo de duas ou mais frases, de maneira a enfatizar o termo que se repete. Por exemplo:
- Quando ela chegou, eu gritei/quando ela chorou, eu chorei/quando ela partiu, eu sofri/ quando ela voltou, eu de alegria desabei.
- Ele é o que é, é o calor do fogo, é o frescor da brisa, é o andar do gato, é a leveza do pássaro.
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