O que você encontrará neste artigo:
ToggleEm primeiro lugar, é necessário que você saiba o que é argumentação. Pois bem, argumentar é, de modo simplificado, convencer ou tentar convencer utilizando de evidências além de um raciocínio lógico e consistente acerca de um assunto ou situação.
Sendo assim, hoje você vai conhecer os cinco tipos de argumentação. Além disso, conhecerá os operadores argumentativos para fazer um texto consistente e assertivo.
Os tipos de argumentação
A princípio, os tipos de argumentação são as cinco formas que você pode utilizar na sua redação para defender o ponto de vista. São eles:
- Argumento de autoridade;
- Argumento por comprovação;
- Argumentos com base no raciocínio lógico;
- Argumento baseado no senso comum;
- Argumento baseado na competência linguística.
A seguir, você verá detalhadamente cada um com detalhes.
Argumento de autoridade
Muitas vezes, para comprovar algo, recorre-se a alguns autores que já falaram sobre o assunto e que confirmam aquilo que você deseja proferir. Essa autoridade pode ser uma pessoa, uma obra ou, até mesmo, uma instituição a depender do seu conhecimento e acervo sobre o tema.
Nesse sentido, o uso do argumento de autoridade mostra conhecimento da parte do autor e propriedade acerca do tema sobre o qual se expõem ideias. Veja um exemplo:
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais da metade da população mundial já passa algum tipo de privação de água potável. Isso sugere que governantes e entidades particulares devem ver a escassez de recursos hídricos como um problema iminente.
No trecho acima, a OMS, agência de grande relevância, credencia o discurso para que ele seja bem aceito pelo interlocutor.
Argumento por comprovação
A sustentação da argumentação se dará a partir de dados, estatísticas, percentuais, etc. Dessa forma, esse argumento é diferente do de autoridade, pois, nesse caso, não se pensa no nome da instituição ou da pessoa em si, mas nas informações que são concedidas.
Dessa maneira, a busca do argumento por comprovação ocorre quando o objetivo é contestar um ponto de vista equivocado. Estatísticas e dados percentuais costumam ser encarados, pelo leitor, como uma comprovação da opinião emitida pelo autor do texto. Veja um exemplo:
Em 2018, os cortes em verbas destinadas para Universidades Federais chegaram, em alguns casos, a 50%. Isso mostra que a educação superior, no Brasil, continua não sendo prioridade.
Veja que a fonte não foi mencionada como estratégia argumentativa. Apenas o dado ganhou relevância no discurso, dando crédito a opinião do locutor de que o governo não investe adequadamente no ensino superior.
Argumentação com base no raciocínio lógico
Nesse tipo de argumento, a relação de causa e efeito é o recurso utilizado pelo produtor textual para demonstrar que a conclusão a que ele chegou é necessária, além de coerente, e não um simples fruto de interpretação pessoal e facilmente contestável. Assim, nesse tipo de argumento, forma-se uma ideia baseada em outros fatores correlatos. Observe o exemplo:
A redução da maioridade penal, adotada em alguns estados norte-americanos, não teve o efeito esperado no que diz respeito ao envolvimento de menores em crimes contra a vida. Em alguns estados, os índices de homicídios cometidos por menores são até mais elevados do que em outros que imputam a responsabilidade criminal aos maiores de 18 anos. Isso significa que a redução da idade mínima penal proposta pelo Congresso brasileiro pode não ter o efeito esperado.
Por meio de um raciocínio comparativo, estabeleceu-se a base argumentativa do texto. Observe que, nesse argumento, partiu-se de uma premissa para se chegar a uma conclusão. No entanto, Platão e Fiorin (1996, p.289) dizem que este tipo de argumento pode apresentar alguns problemas, dos quais podemos destacar:
- Fugir do tema – ocorre quando a argumentação apresentada não corresponde ao próprio tema. Em um texto de aluno, esse tipo de equívoco é comum, em função do desconhecimento do tema. Assim, é possível que o tema do texto seja os prejuízos de drogas lícitas, e o texto aborde drogas em sentido amplo, com ênfase para as ilícitas.
- Tautologia (demonstrar uma tese, repetindo-a com palavras diferentes) – acontece quando se utiliza a própria afirmação como causa. Se o texto aborda, por exemplo, que as drogas trazem prejuízos à saúde, o eixo argumentativo não pode ser “porque geram diversos danos ao organismo”. A argumentação formulada a partir da própria tese demonstra incapacidade de progressão textual.
- Tomar como causa, explicação, razão de ser um fato, que, na verdade, não é causa dele – O que veio depois de um fato não é necessariamente efeito do que aconteceu antes dele. Em um texto formal, embasado, não é possível, por exemplo, afirmar que os políticos se corrompem em função da existência de leis protetivas. As leis, ainda que protetivas, não ensejam a corrupção. O político se corrompe por convicções próprias, pela falta de probidade, de caráter e de valores. Leis protetivas podem, no máximo, contribuir para que ele permaneça impune.
Argumento baseado no senso comum
Senso comum é um saber produzido a partir da experiência quotidiana, da vida que os homens levam em sociedade. Ele descreve as crenças e proposições que aparecem como normais, sem depender de uma investigação detalhada para alcançar verdades mais profundas como as científicas. Esse tipo de recurso é o que predomina em um texto argumentativo, pois o locutor apenas reproduz o que a sociedade diz, sem ter uma visão crítica do fato analisado.
Argumentação baseado na competência linguística
Em diversas situações comunicativas, deve-se usar a língua de forma culta, pois o modo de dizer dará confiabilidade ao que se diz. Como exemplo, pode-se mencionar a produção de um texto em um concurso público. O que se espera do candidato é um uso formal da linguagem, respeitando-se a norma culta. Por isso, utilizar um vocabulário adequado à situação comunicativa também poderá dar credibilidade às informações veiculadas em um texto oral ou escrito.
Operadores Argumentativos
Primeiramente, você deve saber o que é um operador argumentativo. Este é um morfema que, aplicado a um conteúdo, transforma as potencialidades argumentativas desse conteúdo.
Os operadores argumentativos mais relevantes são: demais, mais, até, até mesmo, nem mesmo, pelo menos, apenas, pouco, um pouco, ainda, já, na verdade, e aliás.
Veja cada um deles:
Demais: argumenta que o objeto ou ser a que se refere “extrapola os limites”, portanto, em geral, argumenta negativamente.
Mais: argumenta que o fato é recorrente.
Até: institui uma escala de valores. O objeto a que se refere pode estar no topo da lista ou no final. Transmite a avaliação do autor e direciona o ponto de vista do leitor.
Apenas: estabelece uma noção de tempo e pode instituir uma justificativa para um comportamento. Pode indicar restrição.
Até mesmo: argumenta positiva e negativamente. Refere-se a algo que detém mais importância pelo acréscimo ou pela falta de algo, ou alguém.
Pouco/ Um pouco: entre os dois operadores, há uma distância. Se o autor afirma que algo é pouco, não há uma argumentação tão forte quanto em um pouco. Um pouco pode argumentar negativa e positivamente, dependendo do contexto.
Ainda: há dois sentidos possíveis. Um denota excesso temporal, ou seja, já passou do tempo. O outro sentido introduz mais um elemento no discurso, pois tem valor aditivo.
Já: pode marcar uma antecipação ou uma mudança de estado. Pode também marcar uma urgência em relação a algo. Quando “já” possui valor de “enquanto”, ele trata de duas coisas paralelas, tornando-se nesse caso um conector e não um operador argumentativo.
Na verdade: introduz a versão final de um argumento, apresenta uma nova versão ou contrapõe dois argumentos distintos.
Aliás: introduz um argumento decisivo, uma espécie de conclusão com valor taxativo.