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Muitos candidatos, ao escreverem suas redações ao a responderem questões objetivas de regência, acabam perdendo pontos importantes, que, ao final, custam a tão merecida posse. Talvez o verbo implicar seja o caso mais comum de erro. As pessoas têm um entendimento equivocado sobre seu uso, o que costuma custar pontos importantes no certame. Mas então qual é a regencia correta? Deve ele ser empregado com ou sem preposição? Vamos lidar, aqui, exatamente com esse caso particular: a regência do verbo implicar. Como se trata de uma situação com diferentes casos de transitividade, sendo alguns deles consagrados hoje pelo uso, há quem acabe se confundindo na hora de usá-lo. Assim, para que isso não ocorra com você, continue lendo para entender qual a forma correta do verbo implicar!
Noção geral de regência
Primeiramente, vamos deixar claro o que se entende por regência. Essa nomenclatura gramatical tem sido adotada em sentido amplo e restrito. No primeiro, ela equivale à ideia de subordinação sintática, em que umas palavras subordinam outras. Já no segundo, a regência diz respeito, conforme a lição de Celso Pedro Luft:
“[…] à subordinação especial de complementos às palavras que os preveem na sua significação”.
Em outras palavras, considera-se regência em sentido restrito deve ser entendida como a necessidade ou a desnecessidade de se empregar uma complementação específica em decorrência da significação dos nomes e verbos utilizados.
Por exemplo, na frase “Marco colocou o livro sobre a mesa”, tem-se um caso de regência verbal. O verbo “colocar” rege seus complementos “o livro” e “sobre a mesa”. Nesse processo, poderá haver ou não a presença de complementos, a serem determinados pela semântica verbal.
Esses complementos assumirão diversas formas morfossintáticas, como objetos direto e indireto, adjuntos adnominais, complementos nominais ou mesmo preposições. As preposições regentes, contudo, não são, muitas vezes, fixas ou únicas, podendo existir outras opções de construção verbal.
Assim, quando se fala em regência verbal, fala-se, na verdade, do emprego de um complemento específico determinado pelo verbo. Normalmente, a matéria exige o conhecimento acerca da preposição regente do verbo, ou seja, aquela por ele exigida.
Vamos ver aqui a regência do implicar.
Regência do verbo implicar
O verbo implicar, semanticamente, exprime, entre outros, a ideia de “enredar-se”, “envolver-se”, “comprometer-se”, entre outros sentidos. Quando empregado, pode apresentar quatro tipos de transitividade verbal. Pode ser verbo:
- transitivo direto e indireto
- transitivo direto
- transitivo indireto
- intransitivo
Implicar como verbo transitivo direto e indireto
Com transitividade direta e indireta, implicar será completado pelo objeto direto e pelo objeto indireto acompanhado da preposição “em”. Veja os seguintes exemplos:
Márcia implicou Maurício no crime de evasão de divisas.
A Justiça implicou Marcelo na investigação sobre a organização criminosa.
Implicar como verbo transitivo direto
O verbo implicar é usualmente utilizado em sua transitividade direta. Trata-se, essa, da forma tradicional, a qual foi tida, por muito tempo, como o único uso correto do verbo. Nesse caso, o verbo prescindirá de complemento preposicionado, sendo ligado diretamente ao seu objeto. Observe:
A correta aplicação do Direito implica justiça para todos.
O aquecimento global implica diversos prejuízos para a economia dos países.
Não há vencedores nas guerras, pois elas implicam grandes prejuízos para todos.
Amar implica ter responsabilidade.
Como se trata do uso consolidado pela Língua Portuguesa, recomenda-se que seja o verbo utilizado em sua forma transitiva direta. Contudo, como veremos, segundo a gramática normativa, o uso da preposição “em” não gerará automaticamente erro.
Implicar como verbo transitivo indireto
No uso corrente da língua, é comum ver o verbo implicar acompanhado da preposição “em”. Embora essa forma tenha sido, inicialmente, considerada errada, hoje em dia ela passou a ser plenamente aceita pela gramática normativa.
Segundo o professor, gramático e filólogo Celso Pedro Luft, em seu “Dicionário prático de Regência Verbal”, a forma “implicar em” é uma inovação da língua em relação à transitividade direta original. Conforme explica, isso teria decorrido da influência de sinônimos, como “redundar”, “reverter”, “resultar” e “importar”.
Assim, as seguintes frases devem ser consideradas, hoje, corretas sob o aspecto gramatical:
Tal procedimento implicará prejuízos para você.
Tal procedimento implicará em prejuízos para você.
A guerra implica mortes de inocentes.
A guerra implica em mortes de inocentes.
A produção científica implica muita dedicação.
A produção científica implica em muita dedicação.
Cuidado com a regência do verbo implicar nas provas!
Ainda que o verbo implicar com preposição regente “em” seja, hoje, aceito pela gramática normativa, ainda é muito comum bancas de concursos públicos e de exames vestibulares não aceitarem essa forma. Por isso, em questões objetivas, sempre que você se deparar com o verbo sendo empregado com complemento preposicionado “em”, aconselhamos que considere errado esse uso.
Separamos duas questões objetivas para você ver como esse conteúdo é comumente cobrado nas provas de múltipla escolha:
Questão de Língua Portuguesa. Prova: Prefeitura de Itanhaém, São Paulo, Professor Substituto. Ano: 2020. De acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa, assinale a alternativa correta em relação à regência verbal. A) O aluno não assistiu a aula, pois estava suspenso. B) Ao desobedecer as regras de conduta, foi advertido pela coordenadora. C) A professora visava o aprendizado integral dos seus alunos. D) Atualizar o material implicava mudanças drásticas no método de ensino. E) Os alunos aspiravam grandes profissões após o colégio. |
Gabarito: Letra D. É padrão das bancas considerarem correto o verbo implicar em sua forma transitiva direta. |
Questão de Língua Portuguesa Prova: Paranacidade – Advogado Ano: 2016 Leia as manchetes a seguir. I. Bradley Cooper assiste na primeira fila a desfile de Irina Shayk II. O avanço tecnológico implica em mudança cultural III. Dunga diz que prefere usar Neymar nas Olimpíadas do que na Copa América IV. Lollapalooza chega à 5ª edição com Eminem e muito rock É CORRETO afirmar que a regência foi respeitada, em consonância com a prescrição normativa gramatical, A) apenas em I e II. B) apenas em III e IV. C) apenas em I e IV. D) apenas em II e III. |
Gabarito: Letra C. Veja que o item II foi considerado incorreto pela banca, o que demonstra não ser aceito por ela a forma transitiva indireta. |
E na prova dissertativa?
Veja que tratamos acima da cobrança da regência verbal nas questões objetivas. Mas e nas provas dissertativas, você poderá usar? Bom, a resposta é NÃO.
Embora a forma transitiva indireta do verbo implicar seja, hoje, reconhecida pela gramática normativa como correta, seu emprego pode criar algumas dores de cabeça para os candidatos. Imagine que você tenha sido penalizado por usar esse formato na sua prova. Qual a solução para isso? Entrar com recurso, correto? Entretanto, ainda que você recorra desse ponto, a banca pode decidir não rever a nota, sob a justificativa de se utilizar de outro marco gramatical.
Por isso, a melhor estratégia é aquela que evita eventuais penalizações. Pense assim, se ambas as formas são consideradas, atualmente, corretas, por que não usar aquela que, sem dúvida, não prejudicará a nota?
Implicar como verbo intransitivo
Por fim, quando for empregado como um verbo intransitivo, implicar terá sentido completo. Nesse caso, ele será traduzido como “mostrar antipatia”, “antipatizar”, “aborrecer”, “importunar” ou “enticar”.
Como verbo intransitivo, poderá ter como complemento um adjunto adverbial constituído pela preposição “com”. Observe o exemplo:
Pedro sempre implicava com Maria.
O partido implicou com o candidato por conta das declarações feitas.
Alguma dúvida?
Se depois dessa explicação você ainda tiver alguma dúvida, não deixe de nos contar nos comentários! Além disso, caso você queira ver mais conteúdo de português sobre regência verbal, redação (introdução e desenvolvimento) ou pontuação, confira nossos outros textos!
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