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A coerência textual é fundamental para garantir que as ideias em um texto sejam transmitidas de maneira clara e lógica. Ela assegura a conexão entre frases, parágrafos e conceitos, facilitando a compreensão do leitor. Neste blog, exploraremos como aplicar técnicas de coerência para construir textos mais fluídos e eficientes. Você vai aprender com exemplos práticos e dicas para aprimorar essa habilidade essencial na comunicação escrita.
O que é coerência textual?
Você já escutou que um determinado argumento não é coerente com o texto?
No mundo dos concursos públicos, qualquer candidato que tenha feito uma prova discursiva já se preocupou com esse aspecto textual. Mas, afinal, o que significa a coerência? O que faz um texto ser ou não coerente?
Primeiramente, pode-se dizer que a coerência não é um mero traço dos textos, mas sim o resultado de processos cognitivos entre os usuários do texto, ou seja, ela é construída por operações de inferência, um texto não tem sentido em si mesmo, mas faz sentido pela interação entre os conhecimentos que apresenta e o conhecimento de mundo dos usuários.
Ao contrário do que se pode imaginar, a coerência não depende, exclusivamente, do texto em si; necessita, apenas, que os recursos linguísticos e coesivos estejam adequados à expressão de sentido. Veja o seguinte exemplo:
Não pude subir os degraus do piano,
Não pude ouvir os gritos das paredes,
Só pude sentir o cheiro do vermelho
E a textura do amarelo
Enquanto pensava em você
(texto feito por um aluno do segundo ano)
Observe que o texto não faz sentido em termos literais. Em pianos não há degraus, as paredes não gritam e cores não tem nem cheiros nem texturas. Entretanto, há sentido no texto em razão da última frase, pois ela deixa claro que o autor se encontra apaixonado. Como todos conhecem o estado eufórico da paixão, a quebra de sentido estabelecida pela falta de lógica entre as locuções não prejudica a compreensão do texto, ao contrário, chega, mesmo, a corroborar sua construção.
Isso, portanto, é a coerência: o aspecto de sentido depreendido de um texto organizado e estruturalmente coeso.
Formas de coerência
Coerência Interna
A coerência, porém, não ocorre isoladamente. Ela pode acontecer tanto internamente, ou seja, dentro do espaço textual delimitado, como externamente, quando depende de elementos extrínsecos para a atribuição de sentido. Segundo alguns gramáticos, para se estabelecer uma coerência interna no texto, é necessário se atentar a quatro requisitos:
- Continuidade.
- Progressão.
- Não-contradição.
- Relação.
A continuidade ocorre, normalmente, em razão da progressão das ideias, a qual se faz com o uso de pronomes, sinônimos ou outros conectores. À medida que novas ideias vão sendo introduzidas no texto, a coerência das ideias é preservada, pois o sentido inicial não se perde em razão da referenciação estabelecida. Entretanto, para que isso ocorra, devem ser adequadamente empregadas as técnicas coesivas.
Portanto, observa-se a atenção a esse requisito quando a introdução de novas ideias não prejudica a evolução dos argumentos em razão de não haver quebra de sentido, já que ele é sempre reestabelecido pelas palavras de retomada.
A progressão, por sua vez, em muito se relaciona à continuidade. Enquanto essa permite a compreensão dos elementos já apresentados, aquela possibilita o acréscimo de novas informações sem que elas prejudiquem o sentido do texto. A progressão pode ser definida, portanto, como o conjunto das novas informações.
A não-contradição exprime o imperativo da coerência: que os argumentos apresentados não devem se contradizer, ou seja, se autodestruir. Se um ponto foi tomado como verdadeiro em algum momento do texto, não pode ser tomado como falso, pois isso seria incoerente.
Por fim, o requisito da relação exprime a necessidade de pertinência lógica ou temática das informações do texto. Isso quer dizer que não se deve introduzir conteúdos que não se relacionem minimamente uns com os outros no texto. Caso isso ocorra, haverá incoerência por falta de associação entre as ideias.
Coerência Externa
A coerência externa, ao contrário, relaciona-se aos conhecimentos externos ao texto que o leitor deve ter para compreender devidamente a informação. Por exemplo, ao ler que Bentinho teria comprado um sitio, o leitor consegue imaginar que a personagem detém grande poder aquisitivo, pois um sítio é um bem que pode ser considerado caro.
A coerência externa ocorre automaticamente, sobretudo em textos mais denotativos, pois as suas informações são contrapostas diretamente com os conhecimentos prévios do leitor. É o que acontece quando se lê uma informação que não condiz com o que se considera verdade. Observa-se isso nos seguintes casos:
- 95% da população mundial é composta por mulheres.
- 90% dos recém-nascidos morrem no primeiro mês.
- Comer gordura em excesso faz bem ao coração.