O concurso da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeira já tem gabarito oficial! Para você que fez a prova e para você que quer aproveitar para treinar algumas questões, decidimos por comentar toda a prova para o cargo de Técnico Nível Médio! Para não ficar muito extenso, selecionamos apenas algumas questões, mas você poderá baixar a prova na íntegra aqui mesmo!
A prova de português foi composta por 30 questões, sendo a maioria de interpretação de texto. Nessa prova, não foi cobrada a matéria de redação oficial. Vamos ver algumas das questões?
QUESTÃO 01. Numa parede de uma fábrica de cerveja de Tiradentes (MG), estava escrita a seguinte frase: “Há bares que vêm para o bem”. Sobre a estrutura e o conteúdo semântico desse texto, a única afirmativa INADEQUADA é:
- (A) a estrutura dessa pequena frase é de caráter intertextual;
- (B) a repetição fônica vêm/bem auxilia a apreensão da frase;
- (C) a oração “que vêm para o bem” explica o sentido de “bares”;
- (D) a forma plural “vêm” concorda com “bares”;
- (E) a forma verbal “Há” tem sentido de “existência”.
GABARITO E COMENTÁRIO: O gabarito oficial é a letra C. A questão requer que seja marcada a alternativa que não apresenta uma afirmativa adequada ao que se infere da frase “Há bares que vêm para o bem”. Na letra A, observa-se uma asserção correta, pois o trecho apresenta um caráter intertextual, pois dialoga com dois sentidos diferentes: o ditado – “há males que vêm para o bem” – e a ideia de que bares são ambientes bons que fazem bem a quem os frequente. Na letra B, tem-se correta a afirmativa, pois o aspecto sonoro da frase também colabora para a produção de sentido e, no caso, do humor. A letra C, gabarito da questão, está inadequada, pois não há uma relação de explicação entre as partes indicadas. Na letra D, a concordância apontada está correta, pois o verbo encontra-se flexionado na forma plural. Na letra E, está correta a assertiva quanto ao verbo haver, uma vez que foi utilizado com sentido existencial.
QUESTÃO 06. A respeito de algumas tragédias que afetam o nosso país, o jornal O Globo, de 16/02/2019, fez uma reportagem a que deu o título “Por que o Brasil repete as suas tragédias”. Pelo título dado a essa reportagem, o leitor pode concluir que o texto deve:
- (A) mostrar o desprezo das autoridades pelo ambiente natural;
- (B) atribuir as culpas das últimas ocorrências;
- (C) indicar as consequências dos desastres naturais;
- (D) enumerar as tragédias ocorridas;
- (E) responder à pergunta do título.
GABARITO E COMENTÁRIO: O gabarito oficial é a letra E. Dentre as assertivas, a letra E é a única que pode ser considerada correta, pois o título questionador propõe uma reflexão que deve ser apresentada ao longo do texto. Dele, não se pode depreender, portanto, nenhum sinal de desprezo pelas autoridades, nem a imputação de culpa quanto às últimas ocorrências. Também não é possível deduzir que serão apontadas as consequências, pois a análise partirá dos eventos para suas causas, não o contrário. Por fim, não é possível supor que ocorrerá uma enumeração das tragédias, pois isso não está implícito no título.
TEXTO 01. Um centro de reumatologia publicou em revista semanal o seguinte texto: “Estima-se que 85% da população tem, teve ou terá dores nas costas. Muitos acreditam que basta tomar um analgésico, isso é um perigo! Dores na coluna tem vários motivos e podem estar associadas a doenças. Só um especialista pode diagnosticar e propor o melhor tratamento”. (adaptado)
QUESTÃO 09. No texto 1, o problema gramatical está:
- (A) na forma verbal “tem” na primeira linha do texto;
- (B) na forma do demonstrativo “isso” em lugar de “isto”;
- (C) na forma verbal “tem” do segundo parágrafo;
- (D) no uso de “vários motivos” em lugar de “motivos vários”;
- (E) no emprego de “um especialista” por “especialistas”.
GABARITO E COMENTÁRIO: O gabarito oficial é a letra C. Na letra A, observa-se uma flexão correta do verbo ter, pois, ao se relacionar com expressão composta por numeral mais determinante, ele poderá concordar tanto atrativa – com o termo mais próximo – quanto logicamente – com o numeral. Na letra B, não há incorreção gramatical no uso do pronome demonstrativo. Na letra C, há erro na flexão verbal, pois o verbo “ter” deveria estar acentuado quando referente ao sujeito plural – “dores na coluna”. Nas letras D e E, o uso, respectivamente, da forma “vários motivos” e da forma singular “um especialista” está correto e não gera problemas gramaticais.
QUESTÃO 12. Uma reportagem que abordava a delinquência juvenil trazia a seguinte frase: “A maioria desses jovens vivem à custa dos pais”. A palavra custa traz sentido diferente de custas no plural, empregada na linguagem jurídica; o exemplo abaixo em que a possível mudança de sentido NÃO ocorre com a passagem do singular para o plural é:
- (A) ferro / ferros;
- (B) féria / férias;
- (C) cobre / cobres;
- (D) humanidade / humanidades;
- (E) motivo / motivos.
GABARITO E COMENTÁRIO: O gabarito oficial é a letra E. Na letra A, a forma ferros pode indicar tanto o plural do elemento quanto conotar “algemas”. Na letra B, féria pode significar tanto o dia de repouso, sendo o plural férias, quanto, no léxico do comércio, indicar o dinheiro das vendas realizadas no dia. Na letra C, também se observa mudança de sentido, pois a forma “cobres” pode conotar “dinheiro”. Na letra D, o plural do nome “humanidade” denota também o ramo do conhecimento responsável pelos estudos do ser humano – ciências humanas. Já na letra E, a mudança não altera o sentido, sendo apenas a passagem do singular para o plura
QUESTÃO 15. O jornal O Globo, de 15/2/2019, publicou o seguinte texto: “Sem equipamentos, previsão de tempo no Rio é falha. Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mostram que o Rio tem apenas sete estações meteorológicas na capital, insuficientes para prever ou monitorar com precisão o volume de chuvas. Pelo padrão internacional, seriam necessárias 84 no município. Falta de pessoal também é problema”. Sendo um texto informativo, o texto apresenta a seguinte falha:
- (A) mostra dois problemas sem dar detalhes;
- (B) deixa de indicar o problema mais grave;
- (C) não indica a razão de a previsão ser falha;
- (D) anexa uma frase final não previsível no título;
- (E) confusão semântica entre Rio, capital e município.
GABARITO E COMENTÁRIO: O gabarito oficial é a letra D. Conforme se observa do trecho, não é possível de se depreender do título a questão da falta de pessoal. Já as outras assertivas podem ser dele retiradas, uma vez que exprimem um sentido nele contido. Quanto à letra A, percebe-se a abordagem inicial de dois problemas – falta de equipamento e previsão de tempo falha –, ambos são tratados no texto. Na letra B, falasse da falta de indicação do problema mais grave, o que não se percebe no texto, já que ele aborda exatamente a falta de equipamentos. A letra C, por sua vez, traz uma afirmativa falta, foi a razão da previsão falha é tratada no texto. Já a letra E não condiz com a semântica do texto, pois resta clara a menção ao município.
Texto 3. “Perseguido pelo branco, o negro no Brasil escondeu as suas crenças nos terreiros das macumbas e dos candomblés. O folclore foi a válvula pela qual ele se comunicou com a civilização branca, impregnando-a de maneira definitiva. As suas primitivas festas cíclicas – de religião e magia, de amor, de guerra, de caça e de pesca… – entremostraram-se assim disfarçadas e irreconhecíveis. O negro aproveitou as instituições aqui encontradas e por elas canalizou o seu inconsciente ancestral: nos autos europeus e ameríndios do ciclo das janeiras, nas festas populares, na música e na dança, no carnaval…” (Luís da Câmara Cascudo. Antologia do folclore brasileiro – Volume I. São Paulo, Martins, 1956)
QUESTÃO 19. As festas cíclicas dos negros tornaram-se “irreconhecíveis”, segundo o texto 3, porque:
- (A) tratavam de assuntos não valorizados pelos brancos;
- (B) exploravam temas contrários ao catolicismo dominante;
- (C) provinham dos terreiros das macumbas e dos candomblés;
- (D) procuravam escapar da tradição ancestral;
- (E) eram veiculadas por instituições portuguesas.
GABARITO E COMENTÁRIO: O gabarito oficial é a letra E. Observe o seguinte trecho: “[…] o negro no Brasil escondeu as suas crenças nos terreiros das macumbas e dos candomblés. O folclore foi a válvula pela qual ele se comunicou com a civilização branca, impregnando-a de maneira definitiva. As suas primitivas festas cíclicas – de religião e magia, de amor, de guerra, de caça e de pesca… – entremostraram-se assim disfarçadas e irreconhecíveis”. Dele, depreende-se que as crenças negras, manifestadas em suas festas cíclicas, foram escondidas nos terreiros e expostas, para o público branco, de modo camuflado no folclore. Com isso, conclui-se que as próprias instituições portuguesas, como a igreja e o Estado, ao incentivarem as festas populares, veiculavam, na verdade, a cultura negra.
QUESTÃO 30. O texto descritivo abaixo que se fundamenta predominantemente em elementos gustativos é:
- (A) “De uma mesa distante no restaurante, a única ocupada ainda, vinha o ruído de vozes de homens. Uma gargalhada rebentou sonora em meio de vozes exaltadas. E a palavra cabrito saltou dentre as outras que se arrastavam pastosas”. (Lygia Fagundes Telles, A ceia)
- (B) “Deitado, ele beliscou dois ou três grãos. Chupou o sumo azedo, deixou cair a casca no prato. Apanhou outro bago, mais doce”.(Dalton Trevisan, As uvas)
- (C) “Nas barcas, os armazéns tresandavam a lixo e peixe podre, a latas vazias de óleo, como cheiro de homens esfarrapados”. (Autran Dourado, A barca dos homens)
- (D) “O pai comprou o sapato de couro áspero, dois números maiores (….) Enfiou no pé frio o sapato branco de tênis. Ao pentear-lhe o louro cabelo, a cabeça ainda em fogo”. (Dalton Trevisan, Pedrinho)
- (E) “A dona era uma velha balofa, de peruca mais negra que a asa da graúna. Vestia um pijama desbotado de seda japonesa e tinha as unhas aduncas recobertas por uma crosta de esmalte vermelho-escuro, descascado nas pontas encardidas”. (Lygia Fagundes Telles, As formigas)
GABARITO E COMENTÁRIO: O gabarito oficial é a letra B. Observam-se nas assertivas aspectos de estilo marcados por traços organolépticos, ou seja, por elementos de estilo que, ao se utilizar de determinadas palavras, estimulam um ou mais sentidos humanos. Na letra A, observa-se que o trecho provoca a audição, pois se utiliza de locuções como “ruído de vozes de homens”, “uma gargalhada rebentou sonora em meio de vozes exaltadas”. Na letra B, provoca-se o paladar ao se utilizar elementos gustativos, como “sumo azedo” e “mais doce”. Na letra C, é estimulado o olfato por meio de palavras como “lixo e peixe podre”, “latas vazias de óleo” e “cheiro de homens esfarrapados”. Na letra D, o tato é abordado com a descrição do tecido – “áspero” – e das sensações – “frio”. Na letra E, por fim, estimula-se a visão com a descrição detalhada da velha, incluindo as cores.
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